segunda, 27.07.2020

Conhecer para evoluir

Eu Defendo


Com a aprovação do novo Fundeb na Câmara dos Deputados (e seguimento para votação no Senado), é hora de falar de educação - e de como você pode defender essa causa! (Fabio Vieira/FotoRua/NurPhoto via Getty Images)
Com a aprovação do novo Fundeb na Câmara dos Deputados (e seguimento para votação no Senado), é hora de falar de educação - e de como você pode defender essa causa! (Fabio Vieira/FotoRua/NurPhoto via Getty Images)

REPORTAGEM Gabriela Portilho
EDIÇÃO Marina Estarque

Na terça passada (21), a Câmara dos Deputados aprovou, em duas votações, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do novo Fundeb. Talvez você não saiba o que isso significa, e a gente pode explicar: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica é um conjunto de recursos públicos que existe para financiar a educação básica no nosso país. Com a aprovação da PEC, o Fundeb deve passar a fazer parte da Constituição Brasileira.

Além disso, a complementação União deverá aumentar de 10% para 23% nos próximos seis anos. Essa complementação adicional irá para as redes de ensino que mais precisam, a fim de tornar o fundo mais justo. O Fundeb é, também, a primeira grande política brasileira que se submeterá à avaliação de gastos independente.

Isso significa que podemos estar mais perto de começar a revolucionar a educação brasileira para melhor. E isso é fundamental no nosso país, onde 3 entre cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais.

Apenas 8% das pessoas entre 15 e 64 anos têm plenas condições de compreender textos e se expressar por escrito - nível que os estudantes deveriam conquistar ao sair do Ensino Médio. Dos jovens brasileiros, apenas 2% conseguem distinguir fato de opinião e quase 70% estão no pior nível de proficiência em matemática, considerado como o mínimo para o exercício pleno da cidadania.

Apesar da educação ser um direito por lei, no Brasil essa história é marcada por profundas opressões e desigualdades. As primeiras salas de aula no país nasceram com um objetivo claro: evangelizar indígenas - e mais tarde, os filhos dos colonos. Os primeiros professores no país foram os padres jesuítas, que ensinavam os fundamentos da leitura e escrita para compreensão dos textos bíblicos.

Foi só na Constituição de 1824 que ficou estabelecido que a educação deveria ser gratuita para todos os cidadãos, embora a maioria da população não frequentasse as escolas. Para se ter uma ideia, em 1867, apenas cerca de 10% da população em idade escolar estava matriculada e, em 1890, no início da República, a taxa de analfabetismo chegava a 67,2%.

No século 20, lentamente, ocorreram mudanças relevantes. A ideia de uma educação pública laica e igualitária, que fundamentava o currículo na ciência e não em dogmatismos, surgiu na década de 20.

A educação como direito para todos só aparece mesmo na Constituição Federal de 1988, garantindo que qualquer um que quisesse estudar, mesmo fora da idade obrigatória, deveria ter vaga garantida no país. O problema é que apesar da universalidade do ensino, a qualidade ainda deixa muito a desejar.

Nos anos 2000, quando passamos a medir a eficiência do ensino em comparação com outros países, descobrimos o tamanho do nosso abismo educacional. No primeiro PISA, realizado no ano 2000, o Brasil ficou em último lugar dos 32 países avaliados na época.

Desde então, importantes progressos aconteceram. A taxa de analfabetismo, que era 13,6% em 2000, caiu para 6,8% em 2018, e o número médio de anos de estudo da população subiu de 6,1 para 9,3.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que avalia a qualidade dos ensinos fundamental e médio em escolas públicas e privadas, por exemplo, saltou de 3,8, em 2005, para 5,8 em 2017, em uma escala que vai de 0 a 10. Mas muito ainda precisa ser feito, especialmente no Ensino Médio, o maior gargalo da educação no país. Falta avançar em infraestrutura, qualidade do ensino e, sobretudo, em melhores condições de trabalho para os profissionais da área.

Educação precisa ser de qualidade e para todos. É por meio dela que as pessoas podem ter mais oportunidades e contribuir para que o país cresça e se desenvolva de maneira sustentável. Além disso, a escola pública é, como dizia o educador Anísio Teixeira, a "máquina que prepara as democracias". Veja abaixo como você pode contribuir com essa engrenagem rumo a uma sociedade mais justa e democrática.

 

Como você pode ajudar?

Neste link você encontra uma série de textos, escritos de forma simples, para ajudar você a entender mais sobre educação e, assim, cobrar dos seus candidatos políticas efetivas na área.

Sempre que puder, estimule o protagonismo de crianças e adolescentes perguntando sobre seus projetos de vida e ajude a ampliar o repertório cultural daqueles que estão ao seu redor. Fortaleça a escola pública, use suas redes sociais para promover essa causa e apoie organizações que estejam trabalhando duro pela educação. Para facilitar, listamos algumas delas abaixo:

Todos pela Educação
A ONG atuou diretamente na elaboração do novo Fundeb. Trabalha pela educação básica no país, produzindo conhecimento técnico, articulando com o poder público e fazendo o monitoramento de resultados e de processos de implementação das políticas educacionais. Veja aqui como doar!

Vaga Lume
Empodera crianças de comunidades rurais da Amazônia por meio da promoção da leitura e da gestão de bibliotecas comunitárias, como espaços para compartilhar saberes. Colabore!

Gol de Letra
Atua em São Paulo e no Rio de Janeiro, contribuindo com a educação de crianças e jovens de comunidades socialmente vulneráveis, para que tenham mais oportunidades e perspectivas de vida. Seja um parceiro!

Parceiros da Educação
Por meio de parcerias com escolas e secretarias estaduais e municipais, promove maior envolvimento da sociedade civil na melhoria da educação pública. A ONG ajuda a proporcionar uma formação integral de qualidade aos alunos, a valorizar os educadores da rede pública e contribui para as políticas educacionais. Saiba como ajudar.

Projeto Guri
Considerado o maior programa sociocultural brasileiro, o projeto oferece, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação musical, luteria, canto coral e tecnologia em música para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos. Aqui você pode contribuir com o projeto.

Instituto Ayrton Senna
O IAS quer capacitar educadores e propor políticas públicas com foco na educação integral de alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio de todo o Brasil. A ONG desenvolve soluções, pesquisas e conhecimentos em pedagogia, gestão educacional, avaliação e articulação para replicar seu modelo educacional em escala. Você pode apoiar a instituição clicando aqui.

Aqui na MOL, uma das quatro causas que abraçamos é a da educação e cidadania. Já doamos mais de R$ 9,4 milhões para 15 ONGs de todo o Brasil, inclusive para as ONGs Todos Pela Educação, Parceiros da Educação, Fundação Gol de Letra e Instituto Ayrton Senna, listadas acima.

Além de apoiar as organizações que mencionamos, você também pode comprar produtos da MOL que apoiam essa causa. Eles estão disponíveis nesta seção da Banca do Bem, nossa loja oficial. :)




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