Na Vaga Lume, André aprendeu a importância do acesso à literatura e construiu a sua própria história
Por Karolyne Oliveira
Quando tinha 10 anos, André Silva viu pela primeira vez uma biblioteca da Associação Vaga Lume. Infelizmente, o encontro aconteceu em uma comunidade vizinha a dele, onde não podia ir com frequência. "Fiquei encantado com a biblioteca. Lembro de pedir para que tivesse um espaço como aquele na minha escola", conta. Para a felicidade do pequeno André, no ano seguinte a ONG implantou uma biblioteca em Soure, na Ilha do Marajó, onde ele vivia.
André sempre gostou de ler, mas em sua comunidade o acesso aos livros era muito difícil - a chegada da Vaga Lume ajudou a mudar esse cenário. A biblioteca tinha muitos clássicos no acervo e o que mais marcou Andre foi O Diário de Anne Frank. "Consigo lembrar até hoje quando li o livro pela primeira vez", diz.
André sempre foi muito participativo nas atividades da comunidade e com a Vaga Lume não foi diferente. Logo, se tornou voluntário e cresceu com o projeto. Ele começou fazendo a limpeza e organização dos livros e depois se tornou mediador de leitura. O que mais o impactou na época de voluntário foi ver outras crianças entrando em contato com os livros. "Era indescritível a sensação de ver a alegria delas quando a gente chegava com os livros e lia para elas. Sou muito grato por ter tido essa experiência". Inspirador!
Hoje, anos depois, ele trabalha na ONG! "Com o tempo, notei que o projeto estava acrescentando muito na minha vida. Ele foi fundamental!". Seu primeiro emprego foi na biblioteca da Universidade Federal do Pará, onde ele estudou Letras, e conseguiu bolsa justamente pela experiência como voluntário da Vaga Lume.
Depois que ele se formou, passou por um processo seletivo da ONG e foi selecionado para trabalhar em Belém, capital do seu estado. Antes da pandemia, a principal função dele era visitar as comunidades em que a Vaga Lume atua. Agora o trabalho mudou um pouco. A instituição está trabalhando com ajuda humanitária, enviando máscaras, equipamentos de segurança e cestas básicas para as comunidades em que o projeto está presente. Além de enviar livros para as crianças que frequentavam as bibliotecas lerem em casa, já que os espaços estão fechados.
André defende a literatura como um direito humano básico. Assim como o direito à segurança, saneamento básico e à alimentação. "Infelizmente, no Brasil, esse acesso ainda não é democrático, o livro é muito caro no país. A prioridade de uma pessoa de baixa renda nunca vai ser o livro, ela vai pensar primeiro em se alimentar" , desabafa. O brasileiro lê pouco, mas Andre questiona: "como se pode gostar de algo que não tem contato?" Por isso o trabalho da Vaga Lume é tão importante!
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"Com o tempo, notei que o projeto estava acrescentando muito na minha vida. Ele foi fundamental."