Cézar Henrique da Silva Garcia sempre foi introvertido, mas, após o adoecimento de sua mãe, Keli, começou a se isolar ainda mais e ter dificuldades na escola. Como a família estava concentrada no tratamento de Keli, Cézar não recebia mais a ajuda de antes com as atividades escolares e socializava menos com a família e com os colegas - até que sua irmã mais velha, Ana Cláudia, encontrou uma solução. Ela se lembrou da Obra do Berço, da qual foi beneficiária durante toda a infância, e incentivou a mãe a matricular o irmão.

Na Obra, Cézar se soltou aos poucos, passou a ser mais comunicativo e interessado e melhorou suas notas na escola. E esse espaço de desenvolvimento se tornou ainda mais importante na vida dele depois da morte da mãe, em agosto de 2019, e do irmão mais velho, poucos meses depois. Além de oferecer a Cézar atendimento psicológico e atividades que o distraíam do luto, a Obra ajudou Ana a conseguir a guarda do irmão, forneceu alimentos e produtos de higiene pessoal quando ela estava desempregada e se manteve em constante comunicação com a família, ajudando com o que fosse preciso. 

Por conta das medidas de distanciamento social, as atividades da ONG migraram majoritariamente para o ambiente digital, mas Cézar está entre os 20% de alunos que mantêm a rotina presencial. De segunda a sexta, ele passa suas tardes na Obra e surpreende a irmã e as educadoras com sua evolução: antes um menino que não conversava com ninguém, praticamente não lia e nem escrevia, Cézar se tornou um pré-adolescente de muitos amigos, interessado pelas atividades e que sempre volta para casa com livros e palavras-cruzadas - que o fazem lembrar da mãe.

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