Já está no ar o novo banco de dados do Entreviste Um Negro, iniciativa que tem por objetivo aumentar a presença de pessoas pretas em matérias jornalísticas e outros conteúdos de comunicação. O projeto consiste em um cadastro de profissionais negros e negras brasileiros especialistas nas mais diversas áreas do conhecimento. A planilha é aberta a quem quiser se registrar e disponibilizada de forma igualmente gratuita a jornalistas e demais comunicadores que buscam ampliar a representatividade preta nos conteúdos que produzem. O Entreviste Um Negro foi criado em 2015 pela jornalista Helaine Martins, expoente da luta antirracista e colaboradora da Editora MOL, que morreu em 2021. Como forma de homenagear Helaine e manter vivo seu legado, a editora abraçou o projeto, que traz novidades este ano. A iniciativa do Entreviste um Negro partiu da constatação de que, em um país com população majoritariamente negra (56%), a ampla maioria de fontes especializadas consultadas pela mídia é formada por brancos. Além disso, a presença preta costuma estar restrita a papéis que reforçam estereótipos e preconceitos, como vítimas de tragédias, subempregados e criminosos. E, quando especialistas pretos são consultados, a abordagem muitas vezes é centrada na questão racial. Helaine queria ver negros e negras economistas, engenheiros, cientistas, juristas, filósofos, artistas contribuindo amplamente com o debate público, em busca de um jornalismo mais rico, plural, democrático e representativo da diversidade brasileira. O projeto ganhou destaque na mídia e, em 2019, foi ampliado com a criação da Mandê, agência de conteúdo especializada na temática racial. Mas a brilhante trajetória de Helaine foi tragicamente interrompida em 3 de julho de 2021, quando ela faleceu devido a uma parada cardiorrespiratória. A notícia gerou um imenso abalo na Editora MOL, onde Helaine foi funcionária e colaboradora por mais de 10 anos. Seu último trabalho foi justamente uma linda matéria sobre legado, publicada na revista Sorria. Como forma de homenagear sua memória e perpetuar sua luta, a MOL decidiu dar continuidade ao Entreviste Um Negro, iniciativa que contou com o apoio da família de Helaine e de Karol Gomes, sócia de Helaine na Mandê. "A Helaine foi a primeira pessoa que me chamou atenção para a falta de diversidade entre fontes especialistas no jornalismo", afirma Roberta Faria, CEO da Editora MOL. "Nas nossas publicações, há um compromisso com a representatividade - de gênero, raça, classe, idade, geografia e minorias - no que chamamos de 'personagens', as histórias de vida de pessoas, contadas nas reportagens. Mas, quando falamos de fontes técnicas (como, por exemplo, especialistas das universidades e de instituições públicas), falta um esforço ativo para buscar entrevistados que sejam diversos e tragam, na sua perspectiva, também a bagagem de onde vieram e do que vivem", completa. Em homenagem a Helaine, a Editora MOL abriu uma oportunidade de estágio para exercer o trabalho de alimentação e divulgação do Entreviste Um Negro. A partir da Bolsa Helaine Martins, a jornalista Andressa Marques se propôs a seguir com o sonho de Helaine e, por ser comunicadora, negra e periférica, entende e também anseia por um jornalismo com mais cores. A MOL acredita que ter mais vozes negras nos meios de comunicação é um passo fundamental para construir uma sociedade mais justa, digna e equilibrada, com benefícios para todos. Vamos juntos?Se você é negro ou negra e quer se cadastrar no banco de dados, clique aqui .
É jornalista ou comunicador e quer ter acesso ao banco? Acesse este link .
Gostou da iniciativa e quer ajudá-la a ir mais longe? Divulgue-a! Estamos no Instagram: @entrevisteumnegro .
Quer conhecer mais sobre o trabalho da Helaine? Confira este e-book que reúne alguns dos melhores textos feitos por ela para a MOL.
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